quarta-feira, 6 de junho de 2012

Meus meninos


O cálculo errado e a subtração.
E os cantos da boca que não contam, nem sabem
Elasticamente se afastam.
Dentes, poucos se veem.
Vê-se o impulso pego e o abandonar o chão
É o confeito e o dia na mão. É tudo dele.

Pra nós, a sobra é costume.
Pra ele: à medida é fartura; o ‘na conta’ passa.
Dessa ingenuidade
Que vem porque tem de vim
Que foge porque é preciso, bem cedo ter que fugir;
Que morre de olhar virado, concreto sabor salgado;
Doce gosto de olhar, sem ter pecado.

Não morre, se sacrifica
Para o corpo que ela habita
Ganhe tempo, sobreviva
Ganhe ombros, cacunda vida!

Rebento meu e teu, gerado na escuridão
Do útero frio e hostil do abandono.
Prole a quem se nega o seio certo que pinga, que escorre, que vaza.

Quem sabe durante a vida não tenha ele uma própria
Que não, ou além
De flashes para baixo, adolescência em jornais?
Falece a esperta e altruísta inocência
Para dar um “Siga” aos meus pivetes e seus sinais.

Limpa vidros com suor do sol,
Carteiras com lágrimas da noite, e de quem não dá,
E o mais que lhe tocar a vista
Sem ser visto!
E o que não lhe tocar
Cede ao intuito aprendido
De saber que está lá, ou que deveria.

Assim, a mão que se estende, pede.
A que se cala, desvia.


Aldemir Alves de Lima Júnior

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