Procure ser um homem de valor, ao invés de ser um homem de sucesso. Albert Einstein.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Poema sentido
E a escuridão era tamanha, a me confundir se abertos ou fechados meus olhos andavam.
Passei a te ver com as mãos!
De palmo à palmo vi tua altura.
De palma à palma li tuas linhas.
De palma com palma as encaixei nas minhas, linha à linha.
Sem costura.
Escorreguei as mãos pelos teus braços, e pelas axilas os ergui.
Te pus em pose de entrega.
Mas a distância veio.
E esta era tamanha de ser inútil esticar meus braços.
Então traguei teu cheiro que inundara minhas mãos,
E te senti dentro de mim, vasculhando o que era teu.
Aldemir Júnior
terça-feira, 19 de junho de 2012
Poema da insônia
Cheiro uma madrugada fria,
silenciosa e não menos que uma mulher,
e como só elas sabem, assim tão
misteriosa.
É a madrugada que serve em bandeja, não o que é de desejo, mas o que
é de surpresa. E de fome, do alimento me basta o cheiro;
do tempero; da pitada
que aperfeiçoa.
A madrugada da noite caçoa.
A noite? Se deita, se encobre, nada
declara.
A madrugada é quando a noite se cala.
Aldemir Júnior
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Meus meninos
O
cálculo errado e a subtração.
E
os cantos da boca que não contam, nem sabem
Elasticamente
se afastam.
Dentes,
poucos se veem.
Vê-se
o impulso pego e o abandonar o chão
É
o confeito e o dia na mão. É tudo dele.
Pra
nós, a sobra é costume.
Pra
ele: à medida é fartura; o ‘na conta’ passa.
Dessa
ingenuidade
Que
vem porque tem de vim
Que
foge porque é preciso, bem cedo ter que fugir;
Que
morre de olhar virado, concreto sabor salgado;
Doce
gosto de olhar, sem ter pecado.
Não
morre, se sacrifica
Para
o corpo que ela habita
Ganhe
tempo, sobreviva
Ganhe
ombros, cacunda vida!
Rebento
meu e teu, gerado na escuridão
Do
útero frio e hostil do abandono.
Prole
a quem se nega o seio certo que pinga, que escorre, que vaza.
Quem
sabe durante a vida não tenha ele uma própria
Que
não, ou além
De
flashes para baixo, adolescência em jornais?
Falece
a esperta e altruísta inocência
Para
dar um “Siga” aos meus pivetes e seus sinais.
Limpa
vidros com suor do sol,
Carteiras
com lágrimas da noite, e de quem não dá,
E
o mais que lhe tocar a vista
Sem
ser visto!
E
o que não lhe tocar
Cede
ao intuito aprendido
De
saber que está lá, ou que deveria.
Assim,
a mão que se estende, pede.
A
que se cala, desvia.
Aldemir Alves de Lima Júnior
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