sexta-feira, 24 de agosto de 2012

De tudo viste espelho meu


Mas de tudo viste destes e nestes meus quietos olhos:
A promoção na vitrine; o fim do trailer;
A faca do inimigo; a vastidão inútil do meu desejo.

Pobre de nós homo de pouca sapiência.
Pobre de nós que olhamos o céu e o conquistamos;
Vimos a lua, e hasteamos bandeira;
Subimos às galáxias e abraçamos a órbita,
Mas não vimos os onipresentes olhos de Deus.
Pobre de nós que acreditávamos ali vê-los.

O amor não cabe em molduras.
Se esquiva de mãos, dedos, da comunhão universal de bens...

Que também o futuro, assim como quem ama,
Flutua de uma ponta a outra,
Entre a impotência e a onipotência, eu é que sei.
Mas,
Ter saltado todos os saltos que saltei?!
Ter sonhado todos os sonhos que sonhamos?!
Também meu choro...
Por onde corres, gota que não descamba?
Habita agora a fronte minha, lágrima que eu já chorei,
E molha o olho que tanto deseja;
Mas pro coração deixa o desabafo, se voz ainda houver.

Quisera eu um punhado de ressaboreios!

Mas “De tudo fica um pouco!” lastimou o poeta.
De mim em ti, se cumpriu.
De ti em mim, deixo vazar sob as letras o que me esborra.

Aldemir Júnior

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