quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Poema aberto


Eu vejo tantos que amam tantas, e tantas que amam outros tantos.
E também vejo uns tantos que amam tanto alguns poucos, e verdadeiramente amam,
E uns poucos que realmente amam quase todos.

Mas há tantos, tantos, tantos que amam tão pouco quem mereciam ser tanto amados, que esse tanto é Todos!
Que debochem ou se indignem os que são desonestos consigo mesmos.

Amar e não amar é inerente a mim.
E não, não desconheço minhas capacidades, mas também não ignoro que não sou homogêneo, puro, e não construo arranha-céus apenas apontando para o céu.

Apenas Deus apenas ama!
E eu não sou Deus, nem há em mim pretensão de sê-lo.
Sou criatura criada. Que preciso fazer e refazer para fazer perfeito, e não faço.
E também não faço porque me recuso a ousar no inatingível, contar o infinito, abraçar a brisa, mensurar a dor da perda...

Se eu puser uma adaga em meu pescoço, e me forçar a gritar que eu só amei e nunca deixei de amar, certamente morrerei mudo.
E se em pensamento eu me condenar por isto,
Morrerei mudo e contradito.
E chegarei ao inferno e não falarei com ninguém.

Aldemir Alves

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