nada mais aqui parece ter o mesmo brilho
desbotou, em meu dedo, o outrora indestrutível
foram-se embora os meus sabores.
meu chá, salgado.
meu café, amargo.
ao meu lado já não mais estão os meus amores.
tereza, falecida.
joaquina; com o circo, fugida.
tal qual meu companheiro duque, sem sequer se explicar.
risoleta saiu de minha vida; assim, tão decidida.
e arlete; ah, bandida!
foram-se embora minhas riquezas.
também já não tenho mais as cores
meu contemplar é tal qual o de uma viúva ao seu moribundo
o nascer do sol, aos meus olhos, se assemelha ao crepúsculo
tampouco me é presente a doçura das canções.
o mais altivo frevo me parece uma ladainha.
a cigarra é um grilo.
e o corvo, uma andorinha.
todavia, não há de ser eternamente insosso o meu destino
uma hora regressarei ao ponto de onde todos partimos
e libertar-me-ei, enfim, das algemas de onde estou para o infinito.
(Yuri Pereira)
3 comentários:
Yuri tb escreve é?? Passada!! :P
E como! =]
rapazzzzzz, gostei viu. Bom bom bom!!!
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