sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Poema do perdido

nada mais aqui parece ter o mesmo brilho

desbotou, em meu dedo, o outrora indestrutível

foram-se embora os meus sabores.

meu chá, salgado.

meu café, amargo.

ao meu lado já não mais estão os meus amores.

tereza, falecida.

joaquina; com o circo, fugida.

tal qual meu companheiro duque, sem sequer se explicar.

risoleta saiu de minha vida; assim, tão decidida.

e arlete; ah, bandida!

foram-se embora minhas riquezas.

também já não tenho mais as cores

meu contemplar é tal qual o de uma viúva ao seu moribundo

o nascer do sol, aos meus olhos, se assemelha ao crepúsculo

tampouco me é presente a doçura das canções.

o mais altivo frevo me parece uma ladainha.

a cigarra é um grilo.

e o corvo, uma andorinha.

todavia, não há de ser eternamente insosso o meu destino

uma hora regressarei ao ponto de onde todos partimos

e libertar-me-ei, enfim, das algemas de onde estou para o infinito.


(Yuri Pereira)

3 comentários:

Marina Nery disse...

Yuri tb escreve é?? Passada!! :P

aldemir lima disse...

E como! =]

Fabíola disse...

rapazzzzzz, gostei viu. Bom bom bom!!!